A necessidade de sobrevivência, a curiosidade pelo que existe no mundo e o desejo de conquistar moveram a humanidade através do mar, das terras e das florestas. Desde a saída do homo sapiens da África, há mais de 100.000 anos, a humanidade migra, criando assim uma geografia de múltiplas faces e destinos.¹ Assim, o Velho Mundo se fundiu com o Novo Mundo e as Américas.
A Amazônia entrou nessa rota de conquista a partir das grandes navegações, quando Vicente Yañez Pinzón descobriu o rio Amazonas e as terras da costa norte do Brasil, que batizou de Tierras Nuestra Señora de la Consolación y del Rostro Hermozo e o Rio Grande de La Mar Dulce.² Desde então, muitos cobiçaram essas terras ricas e exóticas. Espanhóis, portugueses, holandeses, franceses aqui tentaram estender seus domínios a saída do Homo sapiens da África há mais de 100 mil anos, a humanidade migra, criando, dessa forma, uma geografia de múltiplas faces e destinos.¹ Assim, o Velho Mundo se misturou ao Novo e as Américas entre si.
E foi assim, na história recente do Brasil, que homens e mulheres, embalados pelas promessas do governo militar de encontrar terras fartas, ouro e oportunidades, criaram uma nova frente de conquista nestas paragens, partindo das grandes estradas que cortaram a imensa floresta amazônica: a Belém–Brasília e Transamazônica. Essas vias começaram a ser construídas a partir da década de 1950, com o objetivo de colonizar e ocupar a Amazônia. De norte a sul, de leste a oeste, somam mais de 6 mil quilômetros, formando uma cartografia acidentada e inexata. E é nesse reino de águas, onde os rios sempre foram as verdadeiras estradas, que milhares brasileiros vivem e trabalham.
Neste projeto, que vem sendo desenvolvido desde 1990, esses homens e mulheres contam suas histórias materializadas em imagens, escritos e memórias orais, entrelaçadas nesse imenso território onde pulsam sonhos de sorte, nesse Brasil do Norte.
Paula Sampaio
2005
Referências:
¹ FLORENTINO, Manolo; MACHADO, Cacilda (Org.). Ensaios sobre a escravidão I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
² TOCANTINS. Manaus, AM: Editora Valer: Edições Governo do Estado, 2000.
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Impresso contendo uma edição resumida de fotografias e relatosque fazem parte do Projeto “Antônios e Cândidas têm sonhos de sorte”. Em formato de caderno, circulou encartado no Jornal Diário do Pará de 20/10/2020. Esse caderno fez parte da instalação “O lago do esquecimento” e outras histórias, criada especialmente para o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia de 2020, que pode ser vista em www.diariocontemporâneo.com.br.
Belém-Brasília nos estados do Pará/Piauí/Maranhão/Acre/Tocantins /Amazonas/Paraíba/Pernambuco e Distrito Federal.
Período: 1990 -2010 (em fase de conclusão).
Base de captura: negativo PxB e digital.