O rosto de concreto é a tradução do regime autoritário que, na década de 1970, deu início à construção da quarta maior hidrelétrica do mundo: Tucuruí. E ninguém pode imaginar que ao atravessar o túnel de acesso ao lago de mais de 3 mil quilômetros quadrados, formado pelo represamento das águas do rio Tocantins, está cruzando com a energia de, aproximadamente, 45 trilhões de litros d’água.
Mas, ao tomar a barca e iniciar essa viagem, as cifras gigantes se materializam na paisagem fossilizada e estranhamente poderosa das árvores que silenciosamente revelam os restos das florestas, dos animais, das cidades, das tribos indígenas e das histórias afogadas nesse lago de esquecimentos. Lá, invisíveis, estão mais de seis mil pessoas que vivem no topo das mais de mil ilhas formadas pelo represamento das águas ao longo de 270 quilômetros quadrados de território paraense.
Isso tudo é somente o prólogo dessa história. Existem atualmente mais três grandes hidrelétricas sendo construídas em rios amazônicos e outros tantos projetos em estudo. Então, será que vamos continuar viajando por infinitas paisagens de esquecimentos e conveniências variadas?
Paula Sampaio
Maio de 2012
Fontes:
UFPA/Teses-www.ufpa.br
SDDH/Relatórios – sddh.org.br
PINTO, Lúcio Flavio. Tucuruí, a barragem da ditadura, Jornal Pessoal. 2012
O Livro O Lago do Esquecimento é resultado do Prêmio Marc Ferrez de fotografia/2012 na categoria Documentação do Brasil. Editado com depoimentos dos moradores das ilhas de Tucuruí e fotografias da floresta fossilizada, que resistiu as inundações provocadas pela construção de uma das maiores hidrelétricas do mundo : Tucuruí, no Pará.
2011 – em curso.
Base de captura: Negativo PxB